sábado, 26 de dezembro de 2015

Escrever é...

Eu escrevo para que as coisas façam um pouco mais de sentido. Escrever é minha forma de processar as coisas, de assimilar as informações, as dores, os tremores. Se não escrevo, sinto-me cheia, como quem comeu demais. Escrever é vomitar, se me permite a comparação. Escrever é sentir-se farto de tudo, de todos e, mesmo assim, não desistir. Eu sou poeta até os cabelos e, se nada muda, sei que o texto, ao menos ele, sairá diferente.
Escrever é tremer continuamente, em espasmos, convulsões... mas não é doença. O fazer poético não é doença, é cura. Escrevo para me curar, deixo em cada palavra uma gota de sangue, uma casca de ferida, uma tosse ou um espirro. Escrevo para espantar a solidão, para não falar sozinha, para não enrolar-me em mim mesma, para não enlouquecer. Escrever não é capricho, modismo ou vontade, é pura necessidade.

Valéria Mares

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