quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Gratidão

Gratidão pelos choros silenciosos,
pelas vitórias inesperadas e surpresas adocicadas.
Gratidão pelo pão e pelo feijão,
pelas certezas e gripes passageiras.
Gratidão pelos sustos, medos,
pelos bichinhos cobertos de pelos.
Gratidão pelo cabelo cortado, pela roupa nova,
pelos bolos de aniversário, brigadeiro e torta.
Gratidão pelas horas passadas,
pela recompensa nas notas destacadas.
Gratidão pelos sorrisos também,
pela benção e o amém,
pelo amor e quero-bem.
Gratidão pelo ano, pela colheita,
pelas rosas ditas feitas.
Gratidão pela esperança, pelo impossível,
pelo leite e café compatível.
Gratidão, 2015, por me mostrar que mesmo nas piores situações
sempre podemos encontrar soluções.
E que, boas ou ruins, coisas inesperadas sempre vêm,
e em todos os momentos podemos aprender também.



             Valéria Mares, para 2015

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Pronta para o verão

Sabia que era capaz, mas hesitava... sua mente era atordoada, seu espelho mentia, suas vitórias eram contidas, seu casulo era lacrado. Certa noite, despertou, dançou, encantou e viu-se com clareza. Sentiu-se bem, leve e mandou todos às favas. Seu cabelo, suas notas, seu peso, seu batom, nada disso a definia e eram só uma mistura que a formava. Com toda a sua graça, sua coragem, sua força e sensualidade, qualidades que ela, até então, não via. Surgiu com certeza, com confiança e peso da sua própria existência. Estava pronta para o verão.




                                                         Valéria Mares




sábado, 26 de dezembro de 2015

Escrever é...

Eu escrevo para que as coisas façam um pouco mais de sentido. Escrever é minha forma de processar as coisas, de assimilar as informações, as dores, os tremores. Se não escrevo, sinto-me cheia, como quem comeu demais. Escrever é vomitar, se me permite a comparação. Escrever é sentir-se farto de tudo, de todos e, mesmo assim, não desistir. Eu sou poeta até os cabelos e, se nada muda, sei que o texto, ao menos ele, sairá diferente.
Escrever é tremer continuamente, em espasmos, convulsões... mas não é doença. O fazer poético não é doença, é cura. Escrevo para me curar, deixo em cada palavra uma gota de sangue, uma casca de ferida, uma tosse ou um espirro. Escrevo para espantar a solidão, para não falar sozinha, para não enrolar-me em mim mesma, para não enlouquecer. Escrever não é capricho, modismo ou vontade, é pura necessidade.

Valéria Mares

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Renovar-se

Disseram-me que viver é renovar-se. Eu, pequena, duvidei. Nunca vou mudar! Teimava eu, menina. Hoje, olho para trás e vejo minha própria mudança: constante, suave, mas, ao mesmo tempo, radical. De menina à mulher num sopro, num suspiro. De dano em dano, de dor em dor, de vitória contida em vitória contida, fui mudando, evoluindo e observando. Nenhum dia é igual ao outro e em cada dia, sou alguém renovada. 


   Valéria Mares