Eu sempre adorei começos. Começar sempre foi uma especialidade minha. Meu problema mesmo são os términos, eu nunca consigo terminar nada. Por mais que eu queira um ponto final, sempre coloco uma vírgula, ou uma reticência. Terminar é doloroso e requer uma coragem que aprendi a ter, mas não tinha antes.
Empurrar, dar um tempo e tentar de novo combinavam mais comigo do que desistir. Eu me sentia fraca por desistir, mas quer saber? Desistir é que é coragem! Chegar e dizer "chega", colocar um ponto final, fechar o livro e começar a ler outro, com outros personagens, outras aventuras.
Eu achava que o amor era o bastante, que venceria tudo, que preencheria qualquer outra coisa da qual eu sentisse falta. Mas não. Eu estava enganada, como várias vezes antes estive. Amor não preenche vazio, não preenche silêncio, não aquece do frio, não ouve nossas lamúrias, não ri das nossas piadas, não divide comida, nem anda de mãos dadas. Só dizer "eu te amo" todos os dias não faz de ninguém um casal feliz, por mais que essa frase seja verdadeira. Sabe o que faz um casal feliz? Atenção, cuidado, carinho e presença, principalmente presença. Aquela presença palpável que serve como um pilar de sustentação na vida do outro, aquela camaradagem para momentos bons e ruins, aquela mão quente e firme, aquele beijo doce ou ardente, aquela pessoa esperando na esquina, aquele esforço para chegar na hora, para cumprir o que prometeu, para ajudar e dizer o que o outro quer - ou não - ouvir.
Amor não é suficiente e eu descobri isso gradativamente, dia após dia ficando mais claro na minha mente. Muitas vezes ficar só é melhor do que esperar por um fantasma que pode ou não vir a ser de carne e osso.
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